domingo, 20 de junho de 2010

Insônia com Insight

"A vida nova é boa quase sempre".
Pra começar, ao ler esse post, eu prefiro que você esteja ouvindo "Dancing with myself", do ungido Billy Idol. Não é uma obrigação, mas a leitura vai ficar mais agradável e contextualizada. Para isso, clique AQUI, é online e tal, facílimo. Vamos lá.

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01:06
Estava arrumando a porra do meu guarda-roupa e achei uns cadernos antigos e cartas que nunca enviei... Puxa vida, como eu escrevia bonito! Curioso é que eu ainda lembro das datas e dos fatos. Queria tanto compartilhar com ela... É como se, lendo todas aquelas coisas íntimas, bonitas e infantis, eu ficasse mais entranhada nela e ela em mim.
Hoje eu tô de um jeito muito diferente do que sempre imaginei.Estou 66,6% mais feliz que naquela época. Gente, eu era muito depressiva, mas muito mesmo! Pelos textos, eu descobri quando virei vegetariana (foi em julho de 2008), descobri quando rompi com o Geovani - a propósito, ele me deletou do orkut de novo, e eu só percebi hoje... #Lixa... Ahahaha! Descobri quando terminei com o Oliver e descobri que a merda toda era de verdade, não era só uma mentira que eu tinha contado a mim mesma para me sentir melhor. Infelizmente, nos meus escritos, havia muita coisa sobre a inominável. Ahahaha! É engraçado tratá-la assim depois de tudo o que ela já significou pra mim. Também deu pra ter uma ideia de quando comecei a me cortar.
Gosto de estar recuperando o prazer de um caderno velho cheio de orelhas e uma lapiseira fodida. A parte ruim é que eu vou ter que digitar tudo depois, uma vez que sou exibicionista e preciso publicar meus textos.
Acabo de me lembrar de um dia, nesta semana ou na outra, em que eu e ela estávamos vendo umas fotos no computador, e ela me disse "você é bonita". Eu respondi "é, também to achando". O interessante é que eu estava falando super sério. Lendo essas coisas... é estranho. Mudei demais, mas continuo sendo eu. Bem menos confusa e mais satisfeita. Só tem uma coisa que me incomoda: não consigo deixar de pensar no quanto o mundo é ruim e as pessoas, sacanas. O que eu era era produto de uma sociedade doente... Eu era só um resultado, um resultado brilhante e esperado, da merda toda. E eu consegui. Caralho! Eu consegui. Acho que, até hoje, eu já sabia que estava melhor, mas não tinha me dado conta do abismo que separa o que sou hoje do que eu era há um, dois anos. E, porra, quando a merda toda começou, eu era uma criança. Uma criança! Muito medo de que elas possam ser como eu era...
Bom, acho que era isso. Vou tomar minha fluoxetinazinha e ficar rolando na cama, porque eu fiz a cagada de dormir à tarde.
Mudei de ideia. Resolvi voltar e fazer umas comparações felizes, e outras infelizes.
Pra começar, naquela época, "ideia" tinha acento. Isso é uma coisa que... Não digo que eu fosse mais feliz pro isso, mas poxa vida, é bem o tipo de coisa que não precisava ter mudado...
O meu cabelo melhorou muito! Em compensação, naquela época era comprido. Se eu pudesse juntar o comprimento de lá com o aspecto de hoje, seria perfeito.
A minha namorada, hoje, é bem melhor - infinitamente melhor - que a daquela época, mas esse não é bem o tipo de comparação feliz...
Minha relação com a minha irmã melhorou muito; comigo mesma, nem se fala. Com as "pessoas", também melhorou bastante. Por outro lado, tenho a impressão de que minha mãe gostava mais de mim lá do que atualmente. Hoje em dia ela é triste e rabugenta, e não gosto de pensar nisso, mas creio que o que eu fui é parte do que ela é hoje. O que me consola é que o que eu fui é produto do que ela foi antes. Óbvio que não é "culpa" dela... Além disso, são muitas variáveis envolvidas... Porque às vezes as coisas simplesmente acontecem, e a gente nem imagina onde vai dar. Seguindo a mesma lógica, não pode ser "culpa" minha o que ela se tornou. Me sinto orgulhosa por dizer isso, apesar de não acreditar, de fato, no que estou dizendo.
Incrivelmente, a relação com meu pai piorou. E eu que achava que não podia ficar pior. Pois é, ficou. Hoje em dia, ele sabe sobre mim muito mais do que devia, mas muito menos do que precisava. Tudo em mim ele vê como defeito e... Ok, isso não é novidade e não vou entrar nessa discussão agora. Mesmo porque eu posso estar sendo vigiada, e de todo modo, ele não entenderia qualquer coisa positiva que eu pudesse dizer (hipoteticamente... Ahahahaha!).
Estou muito mais corajosa pra algumas coisas, e muito menos pra outras. Bom, acho que ainda tenho coragem de me cortar, mas agora eu tenho opção. Hoje, tenho coragem de expor e defender meu ponto de vista. Mas preciso pensar no alcance disso. Tenho mais coragem de falar com as pessoas. \o/ Mais coragem para lidar com perdas e faltas, eu acho. Não estou muito certa... Por outro lado, nem sei se é falta de coragem, as eu não faço mais algumas coisas divertidas que eu fazia, e nã osei se voltarei a fazer, e não sei se é bom ou ruim.
A minha opinião sobre suicídio mudou um pouco. Um pouco. Acho que hoje eu tenho uma visão muito mais integrada de mim, da vida (a minha e as outras), do mundo (aqui me refiro às relações estabelecidas entre pessoas e pessoas, entre pessoas e o "meio externo" - na falta de uma expressão mais adequada). Hoje eu considero muito mais coisas quando penso no assunto. Por outro lado, se um dia eu decidir que chegou minha hora, a coisa vai ser feia, porque vai ser uma certeza, não vai ser aquele desespero de adolescente. E isso me assusta.
A forma como eu amo mudou muuuuuuito! Antes era um amor... verticalizado. Óbvio, não vou conseguir explicar o que eu quero dizer. Mas é assim: antes era aquela coisa extrema, violenta, eu vivia de "paixão", no sentido de sofrimento, aquela paixão que conduz à morte. Hoje eu ainda sou capaz de estar apaixonada, mas hoje eu vivo mais de "amor" que de "paixão". Isso é uma coisa mais adulta e mais promissora.
O prazer que eu sinto hoje também é qualitativamente diferente. Antes era - pausa: acho que consegui explicar o "amor verticalizado". Talvez não... - aquela coisa louca e intensa e quente e carnal e diabólica. Hoje é diabólico, mas é mais sublime, mais poético.
Sexo... Bom, isso me preocupa. Hoje em dia eu não confio no meu desempenho sexual nem um terço do que eu confiava antes. Mas agora podemos conversar. Ahahahaha!
Acho que até que eu sou bem afetiva, mas eu era mais intensa e mais lábil, talvez por isso hoje eu me veja um tanto distante de algumas coisas. Não é qualquer coisa que me impressiona hoje em dia.
Agora eu sei muito mais de Psicologia, e os planos são muito mais concretos! \o/
Coisa chata: acho que naquela época, eu tinha muito mais "força de vontade". Acho que preciso pensar sobre isso, o que mudou, por que eu perdi isso. Acho que, talvez, naquela época, algumas coisas tivessem mais valor. Explicação ruim. Acho que entendi: o que eu quis dizer é que, lá, eu tinha tão pouco, que lutava com unhas e dentes por qualquer migalha. E como eu acabei de dizer, hoje em dia, não é qualquer coisa que me impressiona e que me mobiliza. Boa observação. Agora preciso ver o que vou fazer com isso.
Uau! Senhorita CRB3! Ahahahaha! Nem vou dizer o que é, procura no Google!
Continuando: hoje em dia eu gosto de muito mais coisas: o "gostar-horizontalizado". Acho que agora o amor vertical faz mais sentido...
Acho que perdi a alma de artista... Super triste, isso. Pelo menos acho que ainda escrevo bem. Talvez não tão bonito, poético e tocante, como lá, mas ainda escrevo bem.
Algumas coisas eu não sei... Não sei se tenho mais ou menos paciência, medo... Ansiedade diminuiu. Não esta noite, mas em geral, diminuiu. Também não sei se a mudança que ocorreu foi "em mim" ou se só numa parte - a neuroquímica. Isso me faz ter aquele medo de parar de tomar remédio e voltar a ser infeliz. Como eu era, acho muito difícil voltar a ser. É como aquele exemplo: em condições "normais", depois que se aprende a ler, não tem como não saber mais ler. Acho que é bem parecido com isso. Mas pode ser que eu fique qualitativamente pior. Justamente por ter uma visão mais integrada e tal.
Uma coisa que tem me ajudado muito: as expressões "qualitativamente" e "horizontalmente". Aaaaah! É isso! Hoje em dia eu sou uma pessoa mais horizontal. É isso. A grande sacada não é a quantidade, nem tanto a intensidade, mas a qualidade das coisas, dos afetos, dos pensamentos e tudo. Estou "olhando para isso".
E devo confessar: acho que foi tão de repente... Só muito recentemente - muito mesmo! - me dei conta de tudo isso.
Não sei o que causou o quê, mas consegui tirar algumas pessoas patologizantes da minha vida e colocar algumas mais estruturantes. Óbvio, ainda tenho muita faxina pra fazer. Em todos os aspectos. Preciso de uma casaaaa!
Estou muito satisfeita com este texto. Não sei quem vai ler, mas com certeza minha garota vai e isso me faz mais feliz. O ruim é que eu não tenho mais nada a dizer - estou satisfeita, só isso -, mas queria muito continuar escrevendo, então talvez eu banque o Caio Fernando e comece a escrever sobre a vida real.
Coisa interessante de se notar: eu ainda tenho dificuldade em concluir meus escritos. E ainda fico atacando os pontos positivos. Bom, é isso.

***

Estava ouvindo "Dancing with myself"? Obrigada! Agora você entende mais ou menos como me sinto. Ou melhor, como me sentia enquanto escrevia esse texto. Agora, estou podre, com dor de cabeça, dor no corpo, depois de uma noite infernal, tendo conseguido dormir quase às SETEEEE da manhã...


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